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31/01/24

Geologia e Geografia - A empresa britânica Savannah continua a fazer prospecção de lítio em Portugal, e contratou uma auditoria externa para provar que está inocente no âmbito das suspeitas da “Operação Influencer”.



«Suspeitas da Operação Influencer não afetam lucros do lítio. Mina do Barroso arranca em 2025

A empresa britânica Savannah continua a fazer prospeção de lítio em Portugal, e contratou uma auditoria externa para provar que está inocente no âmbito das suspeitas da “Operação Influencer”.

A investigação lançada pelo Ministério Público (MP) a 7 de Novembro de 2023 decorre em torno de suspeitas nos negócios do lítio e do hidrogénio, e de um centro de dados em Sines.

Mas a mineira britânica Savannah, responsável pelo projecto da mina de lítio do Barroso, em Boticas, continua a fazer furos à procura de lítio enquanto contratou uma auditoria externa para provar que não participou em qualquer tipo de esquema ilegal.

A sociedade de advogados Rui Pena, Arnaut e Associados é a responsável por esta “avaliação jurídica independente das actividades da empresa em Portugal entre 2017 e 2023″, conforme adianta o Jornal de Negócios.

O escritório de advogados já teve acesso a “informação privilegiada”, incluindo “contactos com entidades externas, transacções financeiras, banco de dados de email e outros registos”, e “as conclusões apontam para a ausência de irregularidades nos negócios do lítio”, sublinha o Negócios.

A auditoria concluiu que “não houve transações financeiras irregulares nem ofertas e pagamentos indevidos, ou interações com entidades nacionais no processo de Avaliação do Impacto Ambiental”, acrescenta o jornal.

“A Savannah não tem qualquer relacionamento com nenhum dos outros negócios ou projecto mencionados na ‘Operação Influencer’”, asseguraram os responsáveis da empresa numa apresentação a investidores em Londres, reforça ainda a publicação.


Mina do Barroso deve arrancar em 2025

“A situação legal da Savannah é forte”, salienta o CEO da empresa num comunicado, certo de que a investigação não vai afetar o negócio do lítio, embora afete a imagem da empresa em termos de “validação externa”.

“A capacidade da Savannah em entregar o projecto da mina do Barroso e gerar lucros no futuro não será afetada pelas conclusões da investigação”, reforça a auditoria citada pelo Negócios.

Assim, o projecto da Savannah continua a todo o gás em Boticas, com a realização de furos e a compra de lotes a proprietários locais.

Entretanto, a empresa britânica continua a procurar “parceiros estratégicos” entre “um grupo de empresas que integram a cadeia de valor das baterias”, sublinha o jornal económico.

A mineira prevê começar o projecto da mina do Barroso em 2025, perspetivando que já em 2026, poderá começar a extrair lítio.

ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/operacao-influencer-lucros-litio-580941


(Mina do Barroso ilustra paradoxos do Pacto Ecológico Europeu)

(Mina de lítio não convence população de Covas do Barroso)

(Exploração de lítio no Barroso recebe "luz verde" | RTP | 2023 | BOTiCAS)

#minasdobarroso    #boticas    #lítio    #operaçãoinfluencer    #savannah    #lucros

#suspeita    #auditoriaexterna     #geografia    #geologia

18/01/24

Geologia - Uma projeção que circula no Reddit mostra como poderá ser o novo supercontinente, daqui a 250 milhões de anos.



«Nova Pangea: Assim será o mapa da Terra daqui a 250 milhões de anos

As placas tectónicas são muito “inquietas”, o que leva a Terra a estar em constante transformação. Uma projeção que circula no Reddit mostra como poderá ser o novo supercontinente, daqui a 250 milhões de anos. 

“Pangea Próxima” – é assim que o geólogo norte-americano Christopher Scotese nomeia o supercontinente que se deverá formar daqui a 250 milhões.

O nome faz alusão ao último supercontinente conhecido. A Pangea formou-se há, aproximadamente, 335 milhões de anos e começou a dividir-se entre 175 a 200 milhões de anos atrás, originando, de forma gradual, a configuração atual dos continentes.

O movimento de junção e separação dos pedaços de terra do nosso planeta já ocorreu várias vezes ao longo da história. De acordo com o El Confidencial, as massas terrestres juntam-se a cada 400 ou 500 milhões de anos.

Recentemente, viralizou no Reddit um mapa que mostra como poderia ser a Pangea Próxima.

No novo supercontinente, a maioria das atuais massas terrestres ficaria unidas e Portugal seria o ponto mais a norte do planeta. No centro ficaria o Mar Índico – uma transformação daquilo que é hoje o Oceano Índico.

Não é a primeira vez que Portugal aparece representado “no polo norte” de um mapa do mundo: em diferentes representações alternativas do mapamundi,  o nosso país abandona a centralidade que tem na familiar Projeção de Mercator, e é apresentado no extremo norte do planeta.

Mas esta é a primeira representação em que essa nova posição é conseguida através da deriva de massas continentais ao longo de milhões de anos.

É impossível prever todos os detalhes de como a Terra irá evoluir, mas este tipo de projeções oferecem uma visão fascinante do que poderá a acontecer (quando, provavelmente, já não estiver aqui a ninguém para ver).

Um vídeo partilhado há nove meses no Youtube elucida como seria a evolução da massa terrestre desde “agora” até à formação da Pangea Próxima.

Miguel Esteves, ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/nova-pangea-assim-sera-o-mapa-da-terra-daqui-a-250-milhoes-de-anos-577360

(Pangea Proxima's Formation)


30/11/23

Geologia - A caverna Pirunkirkko, conhecida como a “Igreja do Diabo“, localizada na cordilheira de Koli no leste da Finlândia, é um lugar mítico e com um longo historial de relatos de acontecimentos sobrenaturais.



«Os visitantes da “Igreja do Diabo” sentem a presença de espíritos. A ciência já sabe porquê

A famosa caverna, localizada na Finlândia, tem um fenómeno acústico único que explica todo o seu misticismo.

A caverna Pirunkirkko, conhecida como a “Igreja do Diabo“, localizada na cordilheira de Koli no leste da Finlândia, é um lugar mítico e com um longo historial de relatos de acontecimentos sobrenaturais.

Um estudo recente, publicado na revista Open Archaeology, oferece uma explicação fascinante para o misticismo que envolve esta caverna, relacionando-o com um fenómeno acústico único.

Por séculos, a caverna tem sido um local de reunião para sábios, conhecidos como tietäjä, que acreditavam que o som era um meio de comunicação com o mundo espiritual. Estes indivíduos, semelhantes aos xamãs, entravam em estados extáticos durante as suas práticas, envolvendo cantos, incantações, e até o uso de armas de fogo para realizar os seus rituais, explica o IFLScience.

Intrigados por estas práticas antigas, os inestigadores Riitta Rainio, da Universidade de Helsínquia, e Elina Hytönen-Ng, da Universidade do Leste da Finlândia, investigaram as propriedades acústicas da Pirunkirkko. Os cientistas queriam entender se as características acústicas da caverna poderiam explicar as crenças associadas ao local e por que era escolhida para estes encontros sobrenaturais.

Os resultados da pesquisa revelaram que a caverna possui um fenómeno de ressonância distinto, que amplifica e prolonga o som em frequências específicas. Esse fenómeno pode ter influenciado as crenças e experiências associadas à caverna ao longo dos séculos.

Além disso, a equipa descobriu que um sábio da região, conhecido como Kinolainen ou Tossavainen, usava a caverna para as suas práticas espirituais. Segundo o folclore, ele levava os seus pacientes à caverna para “conversar com o Diabo” sobre suas doenças e curas, muitas vezes envolvendo gritos, tiros e batidas ruidosas.

Os cientistas também observaram e entrevistaram um praticante moderno de xamanismo que usa a caverna para os seus rituais. De acordo com este praticante, a caverna possui uma energia especial que permite a conexão com a natureza ao redor e com as “raízes” de uma pessoa.

As medições acústicas realizadas na parte de trás da caverna revelaram uma forte ressonância, causada por uma onda estacionária entre as paredes paralelas, gerando um tom na frequência natural da caverna – 231 Hz. Tons vocalizados próximos dessa frequência são amplificados e prolongados, reforçando a ideia de que a caverna possui propriedades acústicas únicas.

Este estudo não só destaca a importância da ressonância na comunicação entre um espaço físico e o ambiente natural, mas também reforça como fenómenos naturais podem influenciar crenças e práticas espirituais ao longo da história.

ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/igreja-diabo-espiritos-ciencia-porque-56989


(Koli, National Park (Finland)

#geologia    #finlândia    #cordilheiradekoli    #cavernapirunkirkko    #igrejadodiabo    

01/09/23

Geologia - A tetrataenite, um metal raro até agora apenas encontrado em meteoritos e apelidado de “íman cósmico”, pode revolucionar a produção elétrica e oferecer uma alternativa às terras raras, que são essenciais na produção de dispositivos eletrónicos.



«Um estranho metal vindo do espaço pode revolucionar a produção de eletricidade

A tetrataenite, um metal raro até agora apenas encontrado em meteoritos e apelidado de “íman cósmico”, pode revolucionar a produção elétrica e oferecer uma alternativa às terras raras, que são essenciais na produção de dispositivos eletrónicos.

Embora este material tenha sido identificado nos anos 1980, não existia na Terra e era necessário um processo que levaria milhões de anos para se desenvolver naturalmente.

Este metal é formado por camadas compactadas de níquel e ferro numa estrutura tetragonal, e não se forma em condições que promovam a oxidação — como a atmosfera da Terra.

Agora, cientistas da Universidade de Cambridge conseguiram sintetizar a tetrataenite de forma simples e barata, possibilitando a sua produção em massa.

O metal poderia substituir as 17 terras raras chave na indústria tecnológica atual, que são usadas em produtos como telemóveis, veículos elétricos e turbinas eólicas. A extração destas terras raras é complicada, dispendiosa e com graves riscos ambientais.

A China controla atualmente 87% da capacidade mundial de refinação de terras raras, o que suscita preocupações geoestratégicas nos restantes países. A tetrataenite, nota a Popular Mechanics, poderia aliviar a dependência destas terras raras.

A primeira tentativa de sintetizar tetrataenite, realizada através do bombardeamento com neutrões, revelou-se demasiado cara para produção em massa.

No entanto, em outubro de 2022, uma equipa de investigadores da Universidade de Cambridge, liderada pela professora de Ciências dos Materiais Lindsay Greer, anunciou ter desenvolvido um método de síntese de tetrataenite por aquecimento de minerais comuns a temperaturas acima do seu ponto de fusão.

Além disso, também uma equipa de investigadores da Universidade Northeastern, em Boston, revelou recentemente ter conseguido sintetizar tetrataenite com um processo que envolve o arrefecimento do metal fundido e a aplicação de “stress existencial”.

Estas descobertas podem ser cruciais para resolver o problema do abastecimento de terras raras, cuja procura se espera que aumente em 400% nas próximas décadas, especialmente em setores como veículos elétricos, energias renováveis e armamento.

Segundo dados do Centro Kleinman de Política Energética, a procura mundial de terras raras atingirá as 450.000 toneladas anuais em 2035, em comparação com as 200.000 toneladas atuais.

A tetrataenite sintética pode assim ser a solução perfeita para fazer face à escassez  destes minerais essenciais — e revolucionar a indústria tecnológica e a produção mundial de energia.

ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/um-estranho-metal-vindo-do-espaco-pode-revolucionar-a-producao-de-eletricidade-553912


(Scientists Made a Powerful Material That Doesn’t Exist on Earth)


#geologia    #espaço    #energia

15/07/23

Geologia - O ‘Olho do Sahara’ é uma impressionante formação circular – também conhecida como estrutura de Richat -, com quase 50 quilómetros de diâmetro e fica localizada na zona oeste do deserto africano, mais concretamente na Mauritânia.



«Conhece o ‘Olho do Sahara’? Fenómeno incrível foi descoberto por acaso a partir do espaço 
Por Francisco Laranjeira 15:00, 15 Jul 2023

A exploração espacial não se resume à descoberta dos segredos de outros planetas ou galáxias: permite também um olhar ‘para dentro’ e assim entender alguns fenómenos misteriosos que não seriam descobertos sem serem observados de cima. Tal como o ‘Olho do Sahara’, descoberto por acaso em 1965 por astronautas da NASA.

O ‘Olho do Sahara’ é uma impressionante formação circular – também conhecida como estrutura de Richat -, com quase 50 quilómetros de diâmetro e fica localizada na zona oeste do deserto africano, mais concretamente na Mauritânia.

Mar Gómez, uma popular divulgadora de ciência e tecnologia, citada pelo jornal espanhol ‘El Confidencial’, detalhou as pistas mais importantes sobre as características deste fenómeno, que chama a atenção por ‘quebrar’ a monótona paisagem desértica. No seu centro foram encontradas “rochas da era Proterozóica (de há 2.500 e 542 milhões de anos)”: já na sua área externa foram encontradas pedras “que datam do Ordoviciano (com entre 485 e 444 milhões de anos).

São várias as teorias utilizadas para justificar o ‘Olho do Sahara’: a mais convincente, no início, seria que teria resultado do impacto de um meteorito, uma vez que estes “tendem a produzir feições circulares na superfície da Terra”: No entanto, estudos tecnológicos apontaram a responsabilidade para outro fenómeno: a erosão.

A erosão criou ao longo do tempo “uma cúpula geológica elevada, também conhecida como anticlinal abobadado”. Como havia diferentes tipos de rocha, a erosão afetou-as de forma diferenciada, o que acabou por “formar cordilheiras circulares”, com diferentes tonalidades de cor.» in https://executivedigest.sapo.pt/noticias/conhece-o-olho-do-sahara-fenomeno-incrivel-foi-descoberto-por-acaso-a-partir-do-espaco/

(O misterioso Olho do Saara | Qual a origem dele?)


26/04/23

Geologia - A paisagem da península de Kola, nos confins do Círculo Polar Ártico, pode fazer com que este canto da Rússia pareça uma cena de um conto de fadas.



«“É a entrada para o inferno”. A história do buraco mais profundo alguma vez cavado na Terra

A paisagem da península de Kola, nos confins do Círculo Polar Ártico, pode fazer com que este canto da Rússia pareça uma cena de um conto de fadas.

No entanto, no meio da beleza natural, estão as ruínas de uma estação de pesquisa científica soviética abandonada. Ali, há uma tampa de metal pesada e enferrujada sobre o piso de cimento, lacrada por um anel de ferrolhos grossos e também enferrujados. Para muitos, esta é a entrada para o inferno.

Trata-se do Poço Superprofundo de Kola, o buraco mais profundo cavado pelo Homem na Terra.

A estrutura de 12,2 km é tão profunda que os moradores locais juram que podem ouvir os gritos das almas torturadas no inferno. Os soviéticos precisaram de quase 20 anos para a concluir.

O Poço Superprofundo de Kola não é o único buraco deste tipo na Terra. Durante a Guerra Fria, houve uma corrida entre as superpotências para perfurar o mais fundo possível na crosta terrestre — e até para alcançar o manto do nosso planeta.

Corrida ao manto

Agora, são os japoneses que querem se lançar nesta empreitada.

“A perfuração começou na época da Cortina de Ferro”, conta Uli Harms, do Programa Internacional de Perfuração Continental Científica (ICDP, na sigla em inglês).

Na altura um jovem cientista, Harms trabalhou na “rival alemã” do Poço Superprofundo de Kola. “Havia certamente uma competição. Uma das principais motivações era que os russos simplesmente não revelavam nada sobre o que faziam.”

“O objetivo final do (novo) projeto é obter amostras reais do manto tal qual ele existe agora”, diz Sean Toczko, diretor de programa da Agência Japonesa para Ciências da Terra Marinha.

“Em lugares como Omã, podemos encontrar o manto perto da superfície, mas esse é o manto de há milhões de anos. É a diferença entre ter um dinossauro vivo e um osso de dinossauro fossilizado”, compara.

Tal como a corrida espacial, a disputa para explorar esta desconhecida “fronteira profunda” foi uma demonstração de proeza de engenharia, tecnologia de ponta e “coisas certas”.

Os cientistas queriam ir aonde nenhum humano havia ido. As amostras de rocha que esses furos profundos poderiam fornecer eram provavelmente tão importantes para a ciência quanto qualquer coisa que a NASA trouxe da Lua. A única diferença foi que desta vez os americanos não venceram a corrida. Na verdade, ninguém venceu.

Os EUA foram os primeiros a tentar explorar esta fronteira profunda. A iniciativa partiu da famosa American Miscellaneous Society, no final dos anos 1950. A ideia de perfurar a crosta terrestre até o manto foi chamada de projeto Mohole, em homenagem à Descontinuidade de Mohorovičić (ou Descontinuidade M), que separa a crosta do manto.

Em vez de perfurar um buraco muito, muito profundo, a expedição dos EUA decidiu fazer um atalho pelo oceano Pacífico a partir de Guadalupe, no México.

A vantagem de perfurar o fundo do oceano é que ali a crosta terrestre é mais fina; a desvantagem é que as áreas mais finas da crosta geralmente são onde o oceano tem a maior profundidade.

Empreitada soviética

Os soviéticos começaram a perfurar o Círculo Polar Ártico em 1970. E, finalmente, em 1990, o Programa de Perfuração Profunda Continental Alemã (KTB) teve início na região da Bavária – e finalmente perfurou 9 km.

Mas, assim como na missão à Lua, havia um grande desafio. As tecnologias necessárias para o sucesso dessas expedições tinham que ser construídas quase do zero.

Quando, em 1961, o projeto Mohole começou a adentrar o fundo do mar, a perfuração em águas profundas para petróleo e gás ainda não existia. Por isso, os engenheiros tiveram que improvisar e instalaram um sistema de hélices ao longo dos lados do seu navio de perfuração para o manterem estável sobre o buraco.

Mas todas essas expedições terminaram com uma certa frustração. Houve falsas partidas e bloqueios. Outro desafio foram as altas temperaturas que a maquinaria enfrentou, o custo e a política – tudo isso interrompeu os sonhos dos cientistas de perfurar mais fundo e quebrar o recorde do buraco mais profundo já cavado.

Dois anos antes de Neil Armstrong caminhar na Lua, o Congresso dos EUA cancelou o financiamento para o projeto Mohole quando os custos se afastaram do previsto. Os poucos metros de basalto que conseguiram trazer custaram aos cofres públicos cerca de 40 milhões de dólares em valores atuais.

Então foi a vez do Poço Superprofundo de Kola. A perfuração foi interrompida em 1992, quando a temperatura chegou a 180°C. Foi o dobro do esperado para aquela profundidade, e uma perfuração mais profunda não era mais possível. Após o colapso da União Soviética, não havia dinheiro para financiar esses projetos – e, três anos depois, a instalação inteira foi fechada. Agora, o local abandonado é um destino para turistas aventureiros.

O poço alemão foi poupado do mesmo destino. A enorme perfuratriz ainda está lá – uma atração turística hoje – e o local tornou-se um observatório do planeta, ou até mesmo uma galeria de arte.

Viagem ao Centro da Terra

É difícil não ter a sensação de que a corrida para o manto da Terra é uma versão atualizada do famoso livro Viagem ao Centro da Terra, de Jules Verne. Embora não esperem encontrar uma caverna escondida cheia de dinossauros, os cientistas gostam de descrever os seus projetos como “expedições”.

“Essas missões são como uma exploração planetária“, diz Damon Teagle, professor de geoquímica na Escola de Oceanos e Ciências da Terra do Centro Nacional de Oceanografia de Southampton, na Universidade de Southampton, no Reino Unido.

Teagle tem estado fortemente envolvido no novo projeto de perfuração liderado pelos japoneses. “O desafio é que nunca sabemos o que vamos encontrar.”

“No buraco 1256, fomos os primeiros a ver a crosta oceânica intacta. Ninguém tinha conseguido isso antes. Foi realmente emocionante. Há sempre surpresas“.

ZAP // BBC» in https://zap.aeiou.pt/entrada-inferno-buraco-profundo-terra-531291

(O buraco mais profundo do mundo)


#geografia    #geologia    #rússia    #kola    #japão

14/04/23

Geologia - A erupção do Monte Vesúvio transformou o cérebro de pelo menos uma das vítimas em vidro.


«Descoberto novo capítulo da história de terror da erupção do Vesúvio

A erupção do Monte Vesúvio transformou o cérebro de pelo menos uma das vítimas em vidro. A nuvem de gás quente terá atingido os 550°C, aniquilando os habitantes.

A infame erupção do Monte Vesúvio em 79 dC, amplamente conhecida pela destruição de Pompeia, também teve um impacto devastador noutro assentamento próximo chamado Herculano, de acordo com um estudo recente publicado na revista Scientific Reports.

O estudo, liderado por uma equipa de geólogos da Universidade de Roma Tre, revela detalhes sobre os efeitos da erupção vulcânica em Herculano.

As correntes piroclásticas são fluxos rápidos de gás e partículas vulcânicas que podem atingir temperaturas extremamente altas. Os investigadores descobriram que a primeira corrente piroclástica que atingiu Herculano foi estimada em 550 °C, vaporizando instantaneamente os habitantes em minutos.

Este evento foi seguido por várias correntes menores em temperaturas mais baixas, 465 °C, que enterraram a cidade sob espessos depósitos vulcânicos.

Ao contrário dos corpos em Pompeia, que foram preservados em cinzas, os corpos dos que viviam em Herculano não foram bem preservados depois de mortos. No entanto, os cientistas já encontraram tecido humano em Herculano que foi transformado em vidro pelo intenso calor da erupção.

Um exemplo notável é o cérebro de um homem que foi queimado a uma temperatura muito alta e rapidamente arrefecido, transformando-se num material semelhante ao vidro através de um processo conhecido como vitrificação.

A equipa de geólogos recolheu amostras de madeira carbonizada de cinco locais em Herculano e analisou-as. As amostras apresentaram evidências de exposição a um gás muito quente por um curto período de tempo, indicando o impacto de correntes piroclásticas.

A primeira corrente que entrou em Herculano tinha uma temperatura de pelo menos 550 °C, e possivelmente ainda mais alta. Isto foi seguido por pelo menos duas correntes mais frias com temperaturas entre 315 °C e 465 °C, que deixaram depósitos vulcânicos mais espessos no solo.

As descobertas do estudo ajudaram a equipa a entender as condições em que o cérebro vitrificado do crânio de uma vítima no Collegium Augustalium, um edifício pertencente a um culto imperial que adorava o ex-imperador Augusto, foi formado e preservado.

No entanto, este foi um caso único, pois a maioria das vítimas em Herculano teria sido instantaneamente vaporizada pelo intenso calor das correntes piroclásticas.

ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/capitulo-historia-terror-erupcao-vesuvio-530609

(AS VÍTIMAS DO VULCÃO VESÚVIO QUE VIRARAM PEDRA E A ASSUSTADORA CIDADE DE POMPEIA NA ITÁLIA | Ep. 150)

#geologia    #geografia    #vulcão    #pompeia

02/03/23

Geologia - Atualmente com 8849 metros, o Monte Everest é a montanha mais alta da Terra, mas este estatuto está ameaçado a longo prazo.


«O Monte Everest não vai ser eternamente a montanha mais alta da Terra

Atualmente com 8849 metros, o Monte Everest é a montanha mais alta da Terra, mas este estatuto está ameaçado a longo prazo.

O Monte Everest é mundialmente conhecido por ser o ponto mais alto da Terra, cimentando este estatuto todos os anos ao crescer cerca de quatro milímetros por ano.

No entanto, é de esperar que os livros de geografia tenham de ser atualizados.

Há cerca de 200 milhões de anos, o pico do Everest localizava-se no fundo do oceano, mas tudo mudou quando os dinossauros começaram a percorrer a Terra e os continentes estavam presos entre si, formando a Pangea.

No entanto, o detalhe que escapa a muitas pessoas é o facto de a colisão ainda estar a decorrer, motivo pelo qual a montanha continua a crescer todos os anos, nota o Unilad.

Mas as boas notícias ficam-se por aqui, já que o mesmo fenómeno acontece com outras montanhas, ao mesmo tempo que o Everest também está a ser corroído por elementos externos ao longo dos anos.

De acordo com o Unilad, há outras montanhas a crescer a um ritmo mais elevado, o que significa que vão ultrapassar o Everest mais tarde ou mais cedo.

De facto, Nanga Parbat, uma montanha localizada na parte paquistanesa da cordilheira dos Himalaias, é a que se encontra mais perto de ultrapassar o Everest, já que tem atualmente 8126 metros de altitude e cresce a um ritmo de sete milímetros por ano.

As previsões indicam, por isso, que se torne a montanha mais alta do mundo numa questão de um quarto de milhão de anos.

ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/o-monte-everest-nao-vai-ser-eternamente-a-montanha-mais-alta-da-terra-524475

(Monte Everest tem altura revisada após acordo entre China e Nepal)

#monteeverest    #everest    #geologia    #nangaparbat

31/01/23

Geologia - Nos últimos 150 anos, a ilha Hunga Tonga é apenas a terceira massa terrestre como esta a aparecer e a durar mais de um ano.


«Uma ilha apareceu do nada no meio do Pacífico. Tornou-se uma arca de Noé

Nos últimos 150 anos, a ilha Hunga Tonga é apenas a terceira massa terrestre como esta a aparecer e a durar mais de um ano.

Em 2015, uma nova ilha surgiu no meio do Pacífico, tornando-se rapidamente um paraíso para geólogos, vulcanistas, biólogos ou ecologistas. Isto porque o aparecimento do território permitiu aos homens da ciência testemunhar algo nunca visto: o início de um ecossistema, com pioneiros microbianos que colonizavam novos territórios, antes de as plantas ou os animais aparecerem.

No entanto, com a mesma velocidade com que apareceu, a ilha também desapareceu. O método foi, inclusive, o mesmo, já que uma erupção vulcânica formou a ilha em 2015, que foi destruída da mesma forma no início de 2022.

Durante o tempo que durou, o território foi, no entanto, fonte de revelações inéditas, algumas das quais constam num novo estudo. Nele, os autores relatam evidências de uma comunidade inesperada de micróbios na ilha que metabolizam enxofre e gases atmosféricos, semelhantes a organismos que ocupam habitats muito diferentes.

“Não vimos o que esperávamos“, confessou o ecologista microbiano Nick Dragone, da Universidade do Colorado. “Pensámos ver organismos que se encontram quando um glaciar derrete, ou cianobactérias, espécies colonizadoras precoces mais típicas. Mas em vez disso encontrámos um grupo único de bactérias que metabolizam o enxofre e os gases atmosféricos”.

Dragone e os colegas recolheram 32 amostras de solo da ilha, em superfícies que vão desde o nível do mar até ao cume da cratera, a cerca de 120 metros de altura. De seguida, seguida extraíram e sequenciaram o ADN das amostras.

As plantas colonizaram a ilha muito rápido após a sua formação, provavelmente graças a sementes em excrementos de aves, mas os investigadores concentraram os seus esforços de recolha em superfícies não reveladas.

Encontraram bactérias em todas as amostras do cone do vulcão, embora esses micróbios fossem menos diversificados do que os micróbios de áreas vegetativas próximas — e muito diferentes.

Tal faria sentido se os primeiros micróbios de uma nova ilha viessem da água do oceano ou de excrementos de pássaros, mas esta não parece ser a fonte destas estranhas bactérias e arquebactérias. Pelo contrário, os investigadores suspeitam que estes micróbios possam ter vindo das profundezas do subsolo.

“Uma das razões pelas quais pensamos ver estes micróbios únicos é devido às propriedades associadas às erupções vulcânicas: muito enxofre e gás sulfureto de hidrogénio”, diz Dragone.

“Os micróbios eram mais semelhantes aos encontrados em respiradouros hidrotermais, fontes termais como Yellowstone, e outros sistemas vulcânicos. O nosso melhor palpite é que os micróbios vieram desses tipos de fontes”.

Investigar este tipo de sistema é uma oportunidade única e rara. As grandes erupções são uma coisa; ver um ecossistema em branco desenvolver-se numa ilha vulcânica recém-formada é outra.

De acordo com o Science Alert, nos últimos 150 anos, a ilha Hunga Tonga é apenas a terceira massa terrestre como esta a aparecer e a durar mais de um ano, dizem os investigadores, e a primeira nos trópicos. Enquanto os cientistas também se reuniram para estudar a chegada da vida em ilhas anteriormente recém-formadas, concentraram-se mais nas plantas e nos animais do que em micróbios.

“Estes tipos de erupções vulcânicas ocorrem em todo o mundo, mas normalmente não produzem ilhas“, explica Dragone. “Tivemos uma oportunidade incrivelmente única. Nunca ninguém tinha estudado exaustivamente os microrganismos neste tipo de sistema de ilhas numa fase tão precoce”.

E ninguém terá a oportunidade de estudar novamente os habitantes da ilha, pelo menos não directamente. Sete anos depois de ter emergido do Pacífico, Hunga Tonga desapareceu de uma forma igualmente espetacular.

ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/uma-ilha-apareceu-do-nada-no-meio-do-pacifico-tornou-se-uma-arca-de-noe-de-biodiversidade-519174

#geografia    #geologia    #ilhahungatonga

#biologia

28/09/22

Geografia e Geologia - Uma nova ilha surgiu no Sudoeste do Oceano Pacífico após a erupção de um vulcão submerso, a 10 de setembro.


«Erupção vulcânica submarina origina nova ilha no Oceano Pacífico

Uma nova ilha surgiu no Sudoeste do Oceano Pacífico após a erupção de um vulcão submerso, a 10 de setembro.

Apenas onze horas após o vulcão entrar em erupção, uma nova ilha surgiu acima da superfície da água, informou a NASA, que capturou imagens através de satélites.

A ilha recém-nascida cresceu rapidamente, de acordo com a agência espacial norte-americana. Em 14 de setembro, pesquisadores dos Serviços Geológicos de Tonga estimaram que esta tinha 4.000 metros quadrados. Em 20 de setembro, já contava com 24.000 metros quadrados.

A nova ilha fica no monte submarino Home Reef nas Ilhas Centrais de Tonga, a Sudoeste da Ilha Late.

O vulcão Home Reef ainda estava em erupção na sexta-feira, de acordo com uma publicação dos Serviços Geológicos de Tonga. Mas a sua atividade “representa um baixo risco para a Comunidade de Aviação e para os moradores de Vava’u e Ha’apai”, dois grupos de ilhas no centro de Tonga, declarou a NASA.

A agência acrescentou que não havia “cinza visível nas últimas 24 horas”, mas que “todos os marinheiros” devem “navegar além de 4 quilómetros do Home Reef até novo aviso”.

De acordo com o Science Alert, a última vez que o Home Reef originou uma nova ilha foi em 2006. Desde 1852, isso aconteceu em cinco ocasiões, tendo algumas das ilhas atingindo entre 50 e 70 metros de altura.

O Home Reef situa-se numa região do Oceano Pacífico conhecida como zona de subducção Tonga-Kermadec. A formação das placas Kermadec e Tonga começou há cerca de 4 a 5 milhões de anos. A placa do Pacífico desliza rapidamente sob estas, a uma velocidade de cerca de 24 centímetros por ano.

A fossa formada entre Kermadec e Tonga e a placa do Pacífico abriga a segunda fossa mais profunda do mundo, com cerca de 10.800 metros, bem como a cadeia mais longa de vulcões submersos.» in https://zap.aeiou.pt/erupcao-nova-ilha-oceano-pacifico-499849

(Nova ilha surge no oceano após erupção de vulcão em Tonga)

#geografia    #geologia

29/06/22

Geologia - O risco de um tsunami como o que dizimou Lisboa em 1755 é real e a secretária de Estado da Proteção Civil avisa que “nenhum país está 100% preparado”.


«Risco de tsunami como o de 1755 é real. “Não é uma questão de ‘se’, mas de ‘quando'”

O risco de um tsunami como o que dizimou Lisboa em 1755 é real. A secretária de Estado da Proteção Civil avisa que “nenhum país está 100% preparado”.

O terramoto de 1755 resultou na destruição quase completa da cidade de Lisboa, afetando ainda grande parte do litoral do Algarve e Setúbal. O sismo foi seguido por um tsunami — que se acredita ter atingido 20 metros de altura — e por múltiplos incêndios, tendo feito mais de 10 mil mortos. Foi um dos sismos mais mortíferos da História.

Em paralelo com a Conferência dos Oceanos, decorreu a sessão “Alerta costeiro”, na qual especialistas discutiram a prevenção deste tipo de eventos catastróficos.

“Os tsunamis são eventos raros, mas podem ser extremamente mortíferos. Nos últimos cem anos, 58 tsunamis causaram mais de 260 mil mortes, uma média de 4600 por desastre, superando qualquer outro perigo natural”, alerta Mami Mizutori, especialista do Escritório das Nações Unidas para a Redução dos Riscos de Desastres, citada pelo Expresso.

A secretária de Estado da Proteção Civil diz que “não é uma questão de ‘se’, mas de ‘quando'”. Portugal é um país com risco de tsunami e sismo, sendo que a costa algarvia e oeste até Peniche são consideradas “zonas mais críticas”.

O tsunami de 2004 no Sudeste Asiático foi “efetivamente uma chamada de atenção para todo o mundo”, realça a governante. Desde então, vários países, incluindo Portugal, têm feito esforços para fazer a possível prevenção.

O objetivo da ONU é alargar o programa “Tsunami Ready” a 100% das comunidades costeiras até 2030. Atualmente apenas 48% dos países em desenvolvimento estão cobertos por este sistema internacional de alerta de tsunamis.

Em entrevista ao Expresso, Patrícia Gaspar desenvolveu mais a questão do risco de tsunami em Portugal.

“Um evento sísmico da magnitude do que aconteceu em 1755 é um evento para o qual nenhum país está 100% preparado. Não há forma de garantir que perante um evento destes não há danos. É impossível”, atirou.

O impacto seria gigante, com várias “vítimas” e “danos”. Apesar de tudo, estamos hoje “garantidamente mais preparados e mais capazes de reagir a uma situação destas do que estávamos há 10, 20 ou 30 anos atrás”, argumenta a secretária de Estado.

“Não vai existir um dia em que alguém possa dizer que estamos 100% preparados. Isso é um conceito que não existe em Proteção Civil”, acrescentou.

O aviso não chegará com horas ou dias de antecedência, mas sim uma antecipação de minutos “que pode permitir salvar vidas”.

Uma vez identificado o risco, a Proteção Civil alerta a população através do sistema de SMS e, dependendo do município, vão-se ouvir sirenes.» in https://zap.aeiou.pt/risco-de-tsunami-como-o-de-1755-e-real-nao-e-uma-questao-de-se-mas-de-quando-485922

(COMO UM TERREMOTO, UM TSUNAMI E VÁRIOS INCÊNDIOS DESTRUÍRAM LISBOA EM 1755)

#portugal    #geologia    #tsunami    #lisboa    

12/06/22

Geologia - Os cientistas acreditam que a formação destas crateras está relacionada com a acumulação e subsequente explosão de gás metano – que pode ser consequência das altas temperaturas da tundra da Sibéria – mas admitem que ainda há muito por descobrir.


«O mistério das crateras siberianas

A primeira cratera foi descoberta perto de um campo de petróleo e gás na Península Yamal, no noroeste da Sibéria, e as primeiras teorias surgidas então incluíam o impacto de meteorito, a aterragem de OVNIs e o colapso de uma instalação de armazenamento militar subterrânea secreta.

“Neste momento, não há uma teoria consensual que expliquem estes fenómenos complexos”, disse Evgeny Chuvilin, investigador do Centro de Recuperação de Hidrocarbonetos do Instituto de Ciência e Tecnologia de Skolkovo, que visitou o local da cratera mais recente para estudar suas características. “É possível que se estejam a formar há anos, mas é difícil fazer uma estimativa. Como as crateras geralmente aparecem em áreas desabitadas, e na sua maioria selvagens, do Ártico, muitas vezes não há ninguém para ver a sua formação e relatá-la”, disse Chuvilin, citado pela CNN. “Mesmo agora, as crateras são encontradas geralmente por acidente durante voos rotineiros de helicópteros não científicos ou por pastores de renas e caçadores.”

Os cientistas recolheram amostras de solo permafrost, solo e gelo da borda de um buraco – conhecido como cratera Erkuta – durante uma viagem de campo em 2017, após a sua descoberta por biólogos que estavam na área observando a nidificação de falcões. Seis meses depois, os cientistas observaram a área com drones. “O principal problema com essas crateras é o quão incrivelmente rápido, geologicamente, elas se formam e como duram pouco antes de se transformarem em lagos”, disse Chuvilin. “Encontrar uma cratera no remoto Ártico é sempre um golpe de sorte para os cientistas.”

Os cientistas acreditam que a formação destas crateras está relacionada com a acumulação e subsequente explosão de gás metano – que pode ser consequência das altas temperaturas da tundra da Sibéria – mas admitem que ainda há muito por descobrir.» in https://greensavers.sapo.pt/o-misterio-das-crateras-siberianas/

(Crateras misteriosas chamam a atenção na Rússia)

#bolsasdegasmetano

11/06/22

Geologia - Os geólogos esperavam que o vulcão Westdahl Peak entrasse em erupção novamente em 2010, mas ainda permanece intacto e inquieto – apontando para falhas nos nossos modelos preditivos, indica o portal Science Alert.


«Este vulcão no Alasca já devia ter acordado (e agora sabemos porque ainda não aconteceu)

Os geólogos esperavam que o vulcão Westdahl Peak entrasse em erupção novamente em 2010, mas ainda permanece intacto e inquieto – apontando para falhas nos nossos modelos preditivos, indica o portal Science Alert.

Tentar avisar com precisão quando os vulcões vão explodir é um fator crucial, mas complicado, para proteger as pessoas ao redor e reduzir os riscos da aviação. Tantos fatores devem ser considerados, e esta falta de explosão destacou um que tem sido negligenciado.

“A previsão vulcânica envolve muitas variáveis, incluindo a profundidade e o tamanho da câmara de magma de um vulcão, a taxa na qual o magma preenche essa câmara e a força das rochas que contêm a câmara, para citar algumas”, diz a geóloga Lilian Lucas, citada pelo portal Sience Alert.

Localizado no oeste do Alasca, ao longo da cadeia das Ilhas Aleutas, o vulcão Westdahl Peak Shield explodiu pela última vez numa série de erupções entre 1991 e 1992. O vulcão continuou a inchar desde então, ameaçando mais ação – com uma câmara de magma ativa borbulhando ao redor 7,2 quilómetros abaixo da sua superfície.

A sua característica mais óbvia que difere de muitos vulcões em outras partes do mundo é que uma calota de gelo de 1 quilómetro de espessura também cobre o vulcão Westdahl Peak.

“As nossas experiências numéricas indicam que a presença de uma calota de gelo (1 a 3 quilómetros de espessura) aumenta o intervalo médio de repouso para um sistema de magma”, escrevem Lucas e colegas no seu artigo.

Utilizando simulações de computador, os investigadores da Universidade de Illinois encontraram uma relação linear entre a espessura da calota de gelo e as mudanças de volume necessárias dentro do vulcão para superar a força da rocha envolvente e explodir. Também depende da taxa de produção de magma num vulcão – o fluxo de magma.

Levando em conta o tamanho da câmara de magma, geometria e fluxo de magma, a equipa calculou que, para o sistema Westdahl, a pressão da calota de gelo adiciona cerca de 7 anos de dormência, em comparação com modelos sem gelo.

“Esses aumentos no tempo podem parecer insignificantes em escala geológica, mas são significativos na escala de tempo humana”, diz a geóloga Patricia Gregg. “No futuro, será importante levar em conta a cobertura de gelo glacial em futuros esforços de previsão”.

No entanto, embora a calota de gelo possa explicar parte da estabilidade inesperada de Westdahl, ainda há mais para explicar, alertam os investigadores. O seu estudo assumiu um fluxo constante, que não captura a dinâmica de outros sistemas, como aqueles que estão há muito inativos.

“Nós não sabemos quão perto da falha o sistema está atualmente, e dados geodésicos recentes ainda não foram investigados para atualizar as nossas estimativas da taxa de fluxo do sistema”, indicam.

“Se o fluxo para o reservatório de magma de Westdahl diminuiu nos últimos anos, enquanto o sistema permanece próximo da falha, a sazonalidade pode desempenhar um papel maior do que seria esperado”.

A forma e a profundidade de um vulcão ainda são os maiores fatores de atraso antes de uma erupção; no entanto, quando o sistema se aproxima de um certo limite e o fluxo é baixo, o peso das calotas polares entra em jogo, explica a equipa, ao ponto em que até mesmo a variação sazonal no gelo acima pode ser suficiente para o acionar.

Portanto, “será importante considerar como as mudanças climáticas e o derretimento do gelo glacial podem afetar o Westdahl Peak e outros vulcões de alta latitude no futuro”, exclama o geólogo Yan Zhan.

“Considerar a pressão sobrejacente das calotas polares é outra variável crítica, mas pouco compreendida”, conclui Lucas.» in https://greensavers.sapo.pt/este-vulcao-no-alasca-ja-devia-ter-acordado-e-agora-sabemos-porque-ainda-nao-aconteceu/

(A Volcano in Alaska is Overdue for an Eruption; Now we Know Why it Hasn't Erupted)

22/02/22

Geologia - Uma pesquisa dá uma nova perspetiva sobre a formação do deserto Channeled Scablands em Washington, que foi criado pelas enormes inundações de Missoula no fim da última Idade do Gelo.


«As mega inundações depois da Idade do Gelo inclinaram a crosta da Terra

Uma pesquisa dá uma nova perspetiva sobre a formação do deserto Channeled Scablands em Washington, que foi criado pelas enormes inundações de Missoula no fim da última Idade do Gelo.

Um novo estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences resolveu um mistério que intrigava os geólogos há décadas. Na última Idade do Gelo, enormes quantidades de água da Terra transformaram-se em glaciares gigantes, que derreteram e inundaram o planeta.

Os vestígios de um dos maiores destes dilúvios ainda é visível no leste do estado de Washington, num deserto conhecido como Channeled Scablands. Há muito que os cientistas procuravam entender as dinâmicas destas cheias e a pesquisa dá um pista.

Estes glaciares antigos eram tão grandes e pesados que inclinaram a crosta da Terra e quando o peso foi libertado devido ao seu derretimento, o solo mexeu-se também, mudando o curso destas mega inundações, escreve o Science Alert.

Os investigadores usaram modelos das inundações antigas e testaram se o ajuste isostático glacial — deflexões na crosta causadas com a formação e o derretimento de pedaços pesados de gelo — afetaria o fluxo da rota e a erosão dos trilhos proeminentes no Scabland. O objetivo é reconstruir a topografia do deserto em diferentes fases da Idade do Gelo.

Até agora, as reconstruções das rotas das inundações tinham-se focado em como outras variáveis as influenciariam — como a erosão e o movimento dos sedimentos, as mecânicas tridimensionais do ambiente ou como as barragens de gelo se partem.

Estes estudos anteriores também se baseavam em reconstruções da topografia atual, aproximando-as às paisagens passadas. Os geólogos repararam que os efeitos dos derretimento dos glaciares na crosta da Terra também estariam a influenciar a rota e o comportamento destas inundações.

Os glaciares cobriram uma área vasta da América do Norte durante a última Idade do Gelo, mas começaram a derreter há cerca de 20 mil anos. As mega inundações de Missoula ocorreram entre há 18 mil e 15 500 anos. O lago Missoula formou-se quando uma grande parte do glaciar Cordilleran represou o Vale do rio Clark Fork, com a água a acumular-se. Eventualmente, a barragem quebrou-se, dando início à inundação.

Quando a água suficiente tinha corrido, a barragem de gelo voltou a formar-se e a água começou a acumular-se novamente. É provável que este processo tenha ocorrido várias vezes nos milhares de anos seguintes.

A deformação da crosta da Terra devido à expansão e ao contacto dos glaciares teria alterado a elevação da paisagem em centenas de metros durante este período. A pesquisa lembra quão dinâmica a paisagem era, com desfiladeiros íngremes.

Em pesquisas futuras, a equipa quer simular as grandes inundações passadas e ter em conta fatores múltiplos que determinam a sua rota.» in https://zap.aeiou.pt/mega-inundacoes-inclinaram-crosta-terra-463753

(THE CHANNELED SCABLANDS, 2013)

07/12/21

Geologia - Algumas das maiores cordilheiras da Terra receberam um impulso inesperado de formas de vida primitivas, cujos restos lubrificaram movimentos de lajes rochosas e permitiram que se amontoassem para formar montanhas.


«O plâncton moveu montanhas (literalmente)

Se não fosse a vida na Terra, a superfície do nosso planeta teria sido mais plana. Uma nova investigação revelou, recentemente, que a vida primitiva desempenhou um papel fundamental na criação de montanhas.

Algumas das maiores cordilheiras da Terra receberam um impulso inesperado de formas de vida primitivas, cujos restos lubrificaram movimentos de lajes rochosas e permitiram que se amontoassem para formar montanhas.

“As montanhas são formadas por placas de pedra empilhadas umas sobre as outras, mas empilhar nesta escala teria sido impossível devido à fricção entre as rochas”, explicou o investigador John Parnell, da Universidade de Aberdeen.

“Algo tinha de ajudar aquelas rochas a deslizar umas sobre as outras“, acrescentou, citado pelo The Guardian.

O segredo foi a lubrificação que resultou de uma explosão no crescimento do plâncton primitivo, há cerca de dois mil milhões de anos. O fenómeno aconteceu na sequência de uma grande mudança climática que afetou a Terra e teve um efeito duradouro na sua superfície.

O plâncton é um conjunto de organismos que se encontram na base da cadeia alimentar marinha, vitais para a saúde da vida oceânica. O seu papel foi, no entanto, ainda mais importante há dois mil milhões de anos.

Quando o plâncton morreu, depositou-se no fundo do oceano e formou grafite. Esta, por sua vez, desempenhou um papel crucial na lubrificação, fazendo com que as rochas se empilhassem umas sobre as outras.

A nova investigação, cujo artigo científico foi publicado na Communications Earth and Environment, demonstrou que a chave para a formação de montanhas foi a vida.

Se, por um lado, a interação das forças geológicas criou as condições favoráveis para a evolução da vida na Terra (como os oceanos), também o contrário aconteceu. A vida influenciou a geologia do nosso planeta.» in https://zap.aeiou.pt/o-plancton-moveu-montanhas-literalmente-448739

30/09/21

Geologia - Depois de uma expedição no mês de Setembro, a montanha tinha 4.807.81 metros de altura – um valor menor do que os 4.808.72 metros medidos há quatro anos.


«Montanha mais alta da Europa encolhe um metro em apenas quatro anos

O fenómeno poderá estar intrinsecamente ligado às alterações climáticas e com os derretimentos dos glaciares.

A montanha mais alta da europa parece estar a encolher. Especialistas franceses dizem terem medido o Monte Branco quase um metro abaixo da sua altura oficial, publicada em 2017.

Depois de uma expedição no mês de Setembro, a montanha tinha 4.807.81 metros de altura – um valor menor do que os 4.808.72 metros medidos há quatro anos.

“Agora cabe aos climatologistas, glaciólogos e outros cientistas analisar todos os dados recolhidos e apresentar todas as teorias para explicar este fenómeno", disseram os especialistas numa conferência de imprensa na cidade de Saint-Gervais-les-Bains, na quarta-feira passada.

Mas ao que parece o Monte Branco tem estado a decrescer há mais de uma década, já que em 2007 a sua altura era 4.810.80 metros. O fenómeno poderá estar intrinsecamente ligado às alterações climáticas e com os derretimentos dos glaciares.» in https://ionline.sapo.pt/artigo/747828/montanha-mais-alta-da-europa-encolhe-um-metro-em-apenas-quatro-anos-?seccao=Mundo_i

(Monte Branco)

21/08/20

Geologia - Uma “Atlântida” pré-histórica no Mar do Norte pode ter sido abandonada depois de ser atingida por um tsunami de 5 metros, há 8.200 anos, sugere um estudo britânico.



«Tsunami de 5 metros fez desaparecer “Atlântida” entre Grã-Bretanha e Europa

Uma “Atlântida” pré-histórica no Mar do Norte pode ter sido abandonada depois de ser atingida por um tsunami de 5 metros, há 8.200 anos, sugere um estudo britânico.

O tsunami terá sido causado por Storegga slides, deslizamentos de terra de grandes proporções que ocorrem debaixo de água na costa da Noruega.

Os investigadores acreditam que o tsunami invadiu as ilhas de Doggerland, uma massa de terra que desde então desapareceu sob as ondas.

“Doggerland foi abandonada por tribos mesolíticas há cerca de 8 mil anos, que foi quando ocorreram os três ‘Storegga slides’, deslizamentos debaixo de água no limite da plataforma continental norueguesa, que estão entre os maiores deslizamento de terra conhecidos”, disse Jon Hill, investigador do Imperial College em Londres.

A onda pode ter levado os últimos habitantes destas ilhas.

A pesquisa foi divulgada na publicação científica Ocean Modelling, e será apresentada esta semana na Assembleia Geral da União Europeia de Geociências em Viena, Áustria.


Jon Hill e os seus colegas do Imperial College, Gareth Collins, Alexandros Avdis, Stephan Kramer e Matthew Piggott usaram simulações criadas em computador para explorar os possíveis efeitos do deslizamento de terra norueguês.

“Fomos os primeiros a criar um modelo do tsunami de um Storegga levando em conta a presença de Doggerland. Os estudos anteriores usavam a profundidade actual do oceano”, diz Hill.

Desta forma, o estudo fornece o conhecimento mais detalhado até agora sobre os possíveis impactos do grande deslizamento e da enorme onda que atingiu essa terra perdida.

As águas estudadas forneceram ossos pré-históricos pertencentes a animais e uma pequena quantidade de restos humanos e artefactos diversos.

Os cientistas puderam concluir, com técnicas de datação por carbono-14, que nenhuma dessas relíquias data de depois do tsunami.


Durante a Era do Gelo, os níveis do mar eram muito mais baixos, e, na sua extensão máxima, Doggerland ligava a Grã-Bretanha à Europa continental.

Nessa época, os caçadores podiam ir a pé desde o que hoje é o norte da Alemanha até ao leste da Inglaterra.

Há 20 mil anos, os níveis do oceano começaram a subir, inundando gradualmente a região.

Mas há cerca de 10 mil anos, a região ainda tinha uma das mais ricas áreas para caça, pesca e aves selvagens da Europa.

2 mil anos depois, Doggerland torna-se uma ilha pantanosa de baixa altitude com uma área do tamanho do País de Gales, altura em que o Storegga provocou o colapso de cerca de 3 mil quilómetros cúbicos de sedimento.

“É plausível que o deslizamento Storegga tenha sido de facto a causa do abandono de Doggerland durante a Era Mesolítica”, concluiu a equipa de cientistas.

Evento catastrófico

Dado que a maior parte de Doggerland tinha nessa época menos de 5 metros de altitude, poderá ter sofrido inundações.

“O impacto em qualquer pessoa que vivesse em Doggerland na época teria sido enorme, comparável ao do tsunami no Japão em 2011”, diz Hill.

Mas Bernhard Weninger, da Universidade de Colónia, na Alemanha, suspeita que Doggerland já tinha sido abandonada quando o deslizamento ocorreu.

“É possível que as pessoas andassem na zona de barco para pescar, mas duvido que houvesse moradores permanentes”, explica.

Por sua vez, Vince Gaffney, arqueólogo da Universidade de Birmingham, na Grã-Bretanha, acha que “a teoria de Hill está provavelmente certa, porque o tsunami teria sido um evento catastrófico.”

“Mesmo depois de grandes erupções vulcânicas, as pessoas voltam ao local da catástrofe, às vezes porque é impossível não voltar, mas também porque os recursos estão lá”, explica Gaffney, o autor do livro Mundo Perdido da Europa: A Redescoberta do Doggerland.

O tsunami teria também afectado o que é hoje a Escócia e a costa leste da Inglaterra, bem como a costa norte da Europa continental.

Estima-se que a onda que atingiu a costa nordeste da Escócia teria 14 metros de altura, embora não seja certo que na época a região fosse habitada.» in https://zap.aeiou.pt/tsunami-de-5-metros-fez-desaparecer-atlantida-entre-gra-bretanha-e-europa-27139


#geologia    #ilhas    #doggerland    #tsunami    #desaparecimento

05/08/20

Geologia - De acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos, a cascata – Canal de Faroe Ban – situa-se especificamente no Estreito da Dinamarca, que separa a Islândia da Gronelândia e é a maior do Mundo..

«Uma das maiores “cascatas” da Terra situa-se no fundo do mar

As Victoria Falls são a maior cascata da Terra e as Angel Falls a mais alta. No entanto, por mais impressionantes que possam parecer, estas duas maravilhas da natureza ficam muito aquém da verdadeira vencedora.

A maior e mais poderosa cascata da Terra é cercada por água e situa-se no oceano. De acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos, a cascata – Canal de Faroe Ban – situa-se especificamente no Estreito da Dinamarca, que separa a Islândia da Gronelândia.

Segundo o EurekAlert, a água fria viaja do sul até encontrar uma mais quente, no mar de Irminger. A água com temperaturas mais baixas, sendo mais densa, afunda sob a água quente após uma queda no fundo do oceano que cria um fluxo descendente estimado em mais de 3,5 milhões de metros cúbicos por segundo.

A altura desta cascata é de 3,51 quilómetros, “três vezes maior do que as Angel Falls”. A diferença é que, como esta cascata se encontra no fundo do oceano, “é necessário material científico específico para poder a detetar”, esclarece a NOAA.

Os cientistas estão cientes deste fenómeno há muito tempo e é por esse motivo que o investigam desde 1995, principalmente devido ao importante papel que a cascata desempenha na estabilidade da circulação de retorno do Atlântico Sul (AMOC), um importante regulador do sistema climático global.

Até agora, os investigadores acreditavam que esta cascata era causada por uma corrente de água gelada que vinha do norte da Gronelândia, em latitudes mais altas, e outra quente que viajava diretamente no estreito de latitudes mais baixas.

No entanto, investigações recentes descobriram uma nova rota na qual a água quente, depois de ir para o norte das Ilhas Faroé até à encosta norueguesa, volta para a localização da cascata, criando assim uma nova (e tortuosa) rota.

“Esta nova corrente oceânica e o caminho que leva ao Canal do Faroe Bank são descobertas empolgantes”, comentou Léon Chafik, principal autor do artigo, publicado recentemente na Nature Communications.

Esta nova rota pode ser explicada graças às forças do vento que ocorrem na superfície, que são “capazes de alterar as direções que a água segue até atingir o canal por diferentes profundidades”. Segundo os cientistas, a “circulação atmosférica desempenha um papel importante na orquestração dos regimes identificados”.» in https://zap.aeiou.pt/maiores-cascatas-terra-fundo-do-mar-338758

20/02/19

Geologia - Um sismo massivo que abalou a Bolívia em 1994 forneceu a um grupo de geofísicos os dados que precisavam para descobrir montanhas que podem ser maiores do que qualquer formação na Terra, a 660 quilómetros da superfície, na chamada zona de transição do manto



«Há montanhas enormes sob os nossos pés

Um sismo massivo que abalou a Bolívia em 1994 forneceu a um grupo de geofísicos os dados que precisavam para descobrir montanhas que podem ser maiores do que qualquer formação na Terra, a 660 quilómetros da superfície, na chamada zona de transição do manto

A 660 quilómetros de onde nos encontramos, na zona que separa o manto superior e inferior, os geofísicos de Princeton Jessica Irving e Wenbo Wu, em colaboração com Sidao Ni do Instituto da Geodésia e Geofísica da China, encontraram montanhas que acreditam, apesar da impossibilidade de medidas exatas, poderem ser maiores do que as que se encontram à superfície.

A descoberta, publicada esta semana na Science, foi possível graças à observação das ondas mais poderosas do planeta, aquelas que são geradas por sismos de grande intensidade. Assim, para espreitar para as profundidades da Terra, quer-se "um grande e profundo sismo para abanar todo o planeta", elucida Jessica Irving, professa de Geociência.

A diferença entre grandes e pequenos sismos, explicam os autores do estudo, é enorme - cada grau acima na escala de Richter corresponde a um aumento de 30 vezes mais energia. No caso dos terramotos profundos, em vez de a energia se dissipar na crosta, pode abalar todo o manto, a camada da estrutura da Terra que fica diretamente abaixo da crosta, prolongando-se em profundidade até ao limite exterior do núcleo.

Kyle McKernan, Office of Communications

Por isso, para a sua análise, Irving debruça-se sobre os sismos com uma magnitude de 7.0 ou superiores, uma vez que, nestes casos, as ondas de choque disparam em todas as direções e podem atravessar o núcleo.

O escolhido para este estudo foi o segundo maior sismo profundo alguma vez registado, que abalou a Bolívia em 1994, com uma magnitude de 8.2.

"Sismos tão grandes não aparecem muitas vezes", diz a investigadora, lembrando a "sorte" de haver agora mais e melhores sismógrafos do que havia há 20 anos.

Mas como é que dados de um sismo ajudam a "ver" o que há no interior da Terra? A tecnologia usada pelos cientistas e sismólogos baseia-se numa propriedade fundamente das ondas: tal como as ondas de luz podem refletir-se ou refratar-se, as ondas sísmicas podem atravessar formações rochosas homogéneas, mas refletem ou ressaltam quando se deparam com alguma rugosidade. "Neste estudo, investigámos as ondas sísmicas dispersas a deslocarem-se dentro da Terra para limitar a rugosidade do limite dos 660 quilómetros da Terra".

Os investigadores ficaram surpreendidos com o que encontraram: uma topografia mais acentuada do que, por exemplo, as Rocky Mountains, a cordilheira localizada na América do Norte ocidental. Mas a 410 quilómetros de profundidade, no topo da zona de transição, não foi observada esta característica.

A descoberta tem implicações na compreensão da formação e funcionamento do planeta, já que há anos que os especialistas debatem a importância da camada que divide o manto nas suas camadas superior e inferior. Se uns acreditam que as duas partes são diferentes quimicamente e não se misturam nem térmica nem fisicamente, outros defendem que não há qualquer diferença entre as duas camadas.

Os dados recolhidos agora por este grupo de investigadores sugere que os dois grupos podem ter razão parcial, com as áreas mais baixas do limite dos 660km a poderem resultar de uma maior mistura vertical e as outras, as montanhosas, a sugerirem zonas em que o manto superior e inferior não se une tão bem.» in http://visao.sapo.pt/actualidade/sociedade/2019-02-20-Ha-montanhas-enormes-sob-os-nossos-pes

15/01/19

Geologia - A explosão de Krakatoa em agosto de 1883 atingiu os 310 decibéis e a energia libertada foi equivalente a quatro bombas atómicas.



«Krakatoa. O maior ruído da história da Humanidade!

A explosão de Krakatoa em agosto de 1883 atingiu os 310 decibéis. A energia libertada foi equivalente a quatro bombas atómicas. O clima de todo o mundo mudou. A onda provocada sentiu-se no Canal da Mancha.

Muito provavelmente o livro mais inquietante que jamais li : The Day the World Exploded, de Simon Winchester. E, agora, Krakatoa explodiu oura vez. Também lhe chamam Krakatau: pequena ilha do Estreito de Sunda, entre Java e Sumatra, na Indonésia.

No dia 26 de Agosto de 1883, foi como se um Deus qualquer anunciasse o fim do mundo através das trompetas dos Cavaleiros do Apocalipse. Uma coluna negra de fumo e cinzas subiu pelo céu de domingo até atingir mais de 25 quilómetros de altura. 70% da ilha desapareceu, provocando um enorme tsunami seguido de diversas réplicas: era uma hora da tarde.

Wichester não tem dúvidas: «O maior ruído da história da Humanidade!»

Cerca de 36 mil e 400 mortos.

Na véspera, a atividade do vulcão de Krakatoa já não prometia nada de bom. Uma nuvem negra podia ser avistada a 27 quilómetros de distância. Os navios que operavam nas redondezas reportaram unanimemente uma turbulência marítima inusitada.

Uma onda de mais de cinquenta metros de altura viria a dizimar dezenas de povoações ribeirinhas das ilhas mais próximas. E propagou-se pelo Oceano Índico, ultrapassou o Cabo da Boa Esperança e sentiu-se no Mediterrâneo e no Canal da Mancha. Nuvens foram-se espalhando, escurecendo o céu, e o dia passou a noite. Demos uma olhada nesta passagem do livro de Winchester: « The sound was audible over 1/13 the surface of the globe. The shock wave registered on a barometer in London. The noise was heard at Alice Springs in the middle of Australia. Four hours after the massive explosion, 3,000 miles away on the island of Rodrigues in the western Indian Ocean, it was recorded as the roar of heavy guns».

Não era a primeira vez que Krakatoa explodia e, como sabemos, não seria a última. Já em 1115 foi de tal ordem que fez desaparecer o istmo que ligava Java a Sumatra.

Números, números e números.

Tal como se afundara no mar, a terra começou a reapararecer 50 anos depois. Curiosamente, a pouco e pouco: 7 metros por ano emergindo para formar uma nova ilha à qual deram o nome de Anak Krakatoa, A Filha de Krakatoa.

Entretanto, cadáveres iam dando à costa. Alguns deles viajaram até Zanzíbar, no sul de África.

Calcula-se que a explosão terá atingido os 310 decibéis, suficientes para rebentar os tímpanos de marinheiros que navegavam a 60 quilómetros de distância. Mais explosões e tsunamis se seguiram. «The energy released from the explosion has been estimated to be equal to about 200 megatons of TNT, roughly four times as powerful as the Tsar Bomba, the most powerful thermonuclear weapon ever detonated», escreve Winchester.

As consequências devastadoras do rebentamento da ilha de Krakatoa estenderam-se no tempo. As nuvens provocaram alterações nos ocasos, trazendo visões fantasmagóricas do pôr-do-sol, fenómeno que o pintor William Ashcroft retratou abundantemente. As temperaturas no Hemisfério Norte foram afetadas, descendo em média 1,2 graus, o clima manter-se-ia imprevisível até 1888, com precipitações inusitadas e tempestades violentas um pouco por todo o planeta cuja atmosfera recebeu um aumento global sulfúrico provocando as chuvas ácidas.

A última das explosões do vulcão nesse ano de 1883, datada do dia 27 de agosto fez as cinzas caírem em abundância num raio de mais de cinco mil quilómetros. Nem a Lua foi poupada: surgiu ora em tons de azul ora em tons de verde, transtornado o céu.

Na manhã do dia 28 o silêncio abateu-se sobre Krakatoa. Um silêncio de morte.» in https://sol.sapo.pt/artigo/642186


(A super erupção do vulcão Krakatoa)
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